sexta-feira, 6 de novembro de 2009

IOF

As fortes retiradas de recursos da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) por investidores estrangeiros levaram o fluxo financeiro para o país a registrar um tombo de 74,89% nos últimos nove dias úteis de outubro, período impactado pela decisão do governo de taxar esse Capital com Imposto sobre Operações Finaneiras (IOF) de 2%. Segundo o Banco Central (BC), o saldo médio diário da conta financeira, que ficou em US$ 919,2 milhões entre os dias 1º e 19, caiu para apenas US$ 230,7 milhões no restante no mês, revelando a falta de disposição do dinheiro externo de Curto prazo de arcar com o tributo. Apesar do recuo, o superávit da conta financeira — contaminado pelo lançamento de ações do Banco Santander — totalizou US$ 13,1 bilhões em outubro, o maior já registrado desde 1982, início da série histórica do BC.

“Não há dúvidas de que, num primeiro momento, os estrangeiros sentiram o baque do IOF e se retraíram. Mas não acredito que esse comportamento se manterá por muito tempo, pois as perspectivas para o Brasil são muito boas. Com o país crescendo 5% ao ano, não será um bom negócio ficar de fora da bolsa brasileira”, disse o Economista Clodoir Vieira, da Corretora Souza Barros. Segundo ele, até 19 de outubro, quando o Ministério da Fazenda anunciou a taxação do IOF, a Bovespa computou ingresso Líquido (menos saques) de US$ 2,9 bilhões. Nos dias seguintes à taxação, esse saldo encolheu para US$ 700 milhões.

Mais cético, o analista Demétrius Borel Lucindo, da Prosper Corretora, não vê um retorno tão rápido dos estrangeiros para a Bovespa. A tendência, disse ele, é de o Capital externo se concentrar mais da Bolsa de Nova York, onde são negociados papéis das principais empresas brasileiras. Nas contas do mercado, desde o anúncio do IOF, estima-se que o volume de transações com títulos de companhias nacional na New York Stock Exchange (Nyse) tenha aumentado até 80%. “É preciso admitir que, da forma como estava antes do IOF, com dólar desabando, o governo tinha que fazer alguma coisa para proteger as empresas exportadoras. E, caso os 2% não sejam suficientes para deter o fluxo de capitais, o IOF pode aumentar para algo entre 4% e 5%”, assinalou.

Superávit

Com a conta financeira bombando, o saldo final do fluxo cambial de outubro ficou em US$ 14,6 bilhões, o segundo maior superávit mensal já computado na série histórica do BC, atrás apenas de junho de 2007 (US$ 16,5 bilhões). Desse montante, o BC arrematou US$ 6,7 bilhões, a maior compra mensal desde março de 2008, conforme os números disponibilizados pela instituição. Não fossem essas aquisições e o IOF, os preços do dólar já estariam encostando em R$ 1,60, patamar considerado desastroso para as exportações do país, por tirar a competitividade dos produtos fabricados aqui.

O restante das sobras de recursos foi parar no caixa dos bancos, que, com isso, passaram a apostar na alta do dólar. As instituições se desfizeram de dólares sem tê-los no caixa, apostando que, mais à frente, comprariam a Moeda mais barata — o que, de fato, aconteceu.

Não há dúvidas de que, num primeiro momento, os estrangeiros sentiram o baque do IOF e se retraíram”


Fonte: Correio Braziliense

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