quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Mercado promissor no setor de auditoria

Convergência às normas internacionais aumenta a demanda por profissionais habilitados a atuarem como auditores.

A harmonização das normas brasileiras de contabilidade aos padrões internacionais com a convergência às IFRS (International Financial Reporting Standard) traz boas oportunidades de trabalho aos auditores. A expansão decorre da vigência da Lei 11.638/07 e a consequente obrigatoriedade de auditoria das demonstrações financeiras para todas as sociedades de grande porte. Assim, empresas que até então não necessitavam do parecer de um auditor passam agora a requisitá-lo.

O mercado está extremamente aquecido na área contábil e o futuro é promissor. “Os escritórios estão em busca de profissionais habilitados. Nós estamos procurando gente”, diz o sócio da DRS Auditores Roberto José Fidryszewski. Essa necessidade de encontrar auditores não é exclusividade dos escritórios de pequeno e médio porte. Também nas maiores, como é o caso da Ernst & Young que juntamente com a PricewaterhouseCoopers, Deloitte e KPMG integra o grupo chamado big four, há ofertas. Mesmo com os impactos gerados pela crise financeira internacional as novas regulamentações fazem com que a demanda siga crescente no País. De acordo com a gerente sênior de auditoria da E&Y Tatiana Leal Harsteln a tendência é de manutenção do quadro em função da convergência às IFRS.

A dificuldade, diz Tatiana, está na falta de profissionais com domínio do inglês e atentos ao mercado global. A E&Y desenvolve programas de trainees voltados a estudantes e recém-graduados em Ciências Contábeis para localizar novos talentos.

Embora o segmento ofereça boas oportunidades, aqueles que atuam no ramo reconhecem o pouco interesse no meio estudantil. Segundo o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil 6ª Seção Regional (Ibracon), Sérgio Fioravanti, em encontros com alunos de graduação são raros os que manifestam o intuito de optar pela auditoria. Fioravanti cita dados que podem seduzir os jovens. Grandes companhias oferecem vagas para universitários com salários que podem chegar a R$ 4 mil. No eixo Rio-São Paulo a remuneração para profissionais com cinco a seis anos de experiência e fluência em francês soma R$ 330 mil anuais, fora o pacote de benefícios incluindo casa, carro e outras vantagens. “Com o advento da nova legislação societária, o auditor será bastante requisitado.”

Caminho é a segmentação das atividades especializadas.

O auditor externo tem como prerrogativa profissional o conhecimento da contabilidade. É por meio do balanço patrimonial da empresa que temos uma leitura da sua situação. Ali é possível analisar a existência de dívidas, resultados obtidos, valores pagos em impostos etc. “Essa técnica de mensuração é prerrogativa do profissional da área contábil”, afirma o presidente do Ibracon 6ª região, Sérgio Fioravanti. O contador optará entre os ramos de atividade existentes como, por exemplo, em ser o gerenciador dos ativos e passivos ou se atuará como auditor, certificando tudo.

Em função da normatização das regras de auditoria hoje o profissional deve ter noção também sobre a natureza do negócio com o qual está atuando. Sem essa noção, segundo Fioravanti, ele deve rejeitar o cliente. É preciso dominar o que a empresa faz. A segmentação ficará mais forte em função das atividades de negócios. Para quem está na faculdade, ainda há tempo de analisar áreas com as quais tenha mais afinidade.

O sócio da Capital Auditores Associados SS Ltda Abel Filler da Silva considera fundamental ao sucesso que o profissional tenha passado por vários setores até chegar à auditoria. Valter Dall´Agnol, da DRS Auditores, lembra que essa é uma profissão de carreira e, portanto, quem nela atua deve ter uma bagagem mais ampla. A universidade não trabalha voltada a formar auditores especificamente, mas sim contadores, com conhecimento mais amplo. “A auditoria dá visão gerencial do negócio, é preciso bagagem técnica e conhecimento, enquanto a contabilidade, muitas vezes, é uma atuação mais operacional”, diz Silva.

Para Fioravanti, cabe ao Ensino Superior formar profissionais de Ciências Contábeis já pensando em uma área. A tendência, para os próximos anos, é de surgimento de ênfase nos cursos em determinados ramos.

Não há como um auditor ficar à margem das atualizações que o seu trabalho requer. “Não podemos nos encolher, temos metas de crescimento e precisamos de adequação às novas realidades”, diz o sócio da DRS Auditores Valter Dall´Agnol. Na empresa, que conta com dez funcionários além dos dois sócios - Dall´Agnol e Roberto José Fidryszewski - todos participam de cursos para garantir a atualização.

Setor fará adaptação às normas internacionais.

A partir de 2010 os procedimentos seguidos pelos auditores em sua rotina deverão estar de acordo com os utilizados em outros países. Assim como a contabilidade brasileira passa por um processo de adaptação às normas internacionais, a auditoria entrará em compasso às regras adotadas globalmente. “Isso facilitará a atuação do auditor independente de tal forma que estaremos alinhados integralmente às práticas internacionais”, destaca o presidente do Ibracon 6ª Região, Sérgio Fioravanti.

A novidade permitirá avanço técnico e de controle de qualidade bastante eficientes. “A adoção dessas regras de auditoria, aliadas às normas de contabilidade internacionais, coloca o Brasil em um cenário diferenciado no contexto mundial”, diz Fioravanti. Na comparação com a convergência das normas de contabilidade às regras internacionais, a padronização na auditoria será mais fácil uma vez que as normas editadas pelo Ibracon no âmbito nacional, por exemplo, já seguiam as orientações mundiais. Fioravanti destaca a função do instituto em promover a facilidade de implantação das normas através de reuniões, palestras e seminários.

A nova exigência evidencia a necessidade de capacitação constante dos profissionais. A preparação de um profissional, lembram Valter Dall´Agnol e José Fidryszewski, não ocorre do dia para a noite, deve ser constante e acumulada ao longo dos anos de experiência. Além do investimento financeiro na capacitação, estimado em torno de R$ 30 mil para todo o grupo da DRS Auditores, há as horas de dedicação à participação em seminários e palestras que, em sua maioria, ocorrem no horário de expediente. Quem está concluindo a graduação sairá tão capacitado quanto os que já estão no ramo. Os profissionais que atuam hoje terão que correr para se reeducar, enquanto os estudantes receberão o novo conteúdo nas aulas.

Cresce a participação feminina.

O ingresso de mulheres no setor de auditoria registra aumento nos últimos anos. A maior participação feminina é percebida não apenas nos grandes escritórios como também em empresas de menor porte. Na Ernst & Young do quadro de funcionários 41% é composto por mulheres e 59% por homens.

A gerente sênior de auditoria da E&Y Tatiana Leal Harsteln, com 15 anos de experiência no meio e onze trabalhando na empresa, lembra que quando começou na área era a única mulher. “Hoje a participação é mais significativa inclusive com mulheres que são sócias.” As empresas estão mais conscientes dos benefícios de se contratarem os dois sexos. As características distintas de cada um possibilita a complementação no desempenho das tarefas, como a visão mais detalhista apresentada pelo sexo feminino.

Tatiana ressalta a importância da diversidade entre os funcionários nas contratações que não busquem apenas um sexo. Ela considera importante também que a empresa auxilie as mulheres a enfrentar as dificuldades apresentadas por muitas em conciliar a carreira à vida familiar.

O balanço social da E&Y mostra que cresceu o número de mulheres em cargos de liderança. Em Porto Alegre há três mulheres e dois homens entre gerentes e gerentes sêniors. Embora a disponibilidade do empregador em contratar mulheres, Tatiana diz que o número de candidatos que buscam vagas em auditoria ainda apresenta predominância masculina.

A DRS Auditores é outro exemplo de que a presença feminina é maior. Já houve momentos em que as mulheres ocupavam mais de 50% dos postos. O sócio Roberto Fidryszewski diz que o importante é o currículo do candidato. “A qualificação feminina na maioria dos currículos recebidos é melhor.”

Fonte: Jornal do Comércio - RS
Jornal do Comercio RS
www.fenacon.org.br

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